sábado, 31 de outubro de 2009

Enfrentamento

Vem,
Entra comigo
No meu quarto escuro
Vem comigo enfrentar os bichos
das minhas sete cabeças.

Respire comigo
Para que eu sinta a sua presença
Segura minha mão
Para que eu não enfraqueça
Carregue comigo as sete chaves
Dos meus sete eus.

Confusos e rebelados
Neste momento,
Cada um dos meus eus,
Precisa de atenção e espaço
Para se sentir inteiro, pleno e verdadeiro
Para enfim conviver em paz
Com as outras faces, também verdadeiras, de mim.

Lanterna, candeeiro, tocha, menorah,
Fio de Ariadne?
Sete são os caminhos
Que instrumentos levar?
Ou de nada me adiantará, o que eu levar de fora?
Por onde começar?
Qual dos meus eus
devo enfrentar primeiro?

Tenho pra mim que será melhor
Encarar logo a dor mais premente.
Que incomoda mais
A solidão.

Começando por aí, e a dois,
Vou estar mais forte e menos só
Para continuar.

Vem comigo.
Testemunha a primeira das minhas batalhas e reconciliações.
E com você, aqui diante do meu quarto escuro.
Declaro que nada mais faço sozinha a partir de agora.

Mas será que basta o verbo escrito?
Ou terá ele que ser conjugado em alto e bom som
Para que se faça a luz?
Pena não ser o sentimento matéria
Pra que, como na física quântica,
Salte meu medo, como onda,
sem passar pela partícula sofrimento,
Ao estado de força e poder.

Nenhum comentário:

Postar um comentário