sábado, 31 de outubro de 2009

Jogo de palavras

A palavra pode significar a ocasião.
Mas é a ocasião que dá sentido à palavra.

Incrível como uma mesma palavra
dita pela mesma pessoa
pode num momento significar tanto
e num outro não dizer mais nada.

Uma palavra tão cheia de sentimento
Pode, de um momento para o outro,
perder todo o significado.

Quem dá sentido à palavra
não é a boca que fala, mas o ouvido que escuta.

A palavra que se perdeu de ouvir
num dado momento
perde o sentido na repetição.

O verdadeiro significado das palavras está
nos olhos e não na boca de quem as diz.

As palavras não ditas podem
não alcançar os ouvidos,
mas certamente atingem a alma.

Nem sempre o que se fala é o que se quer dizer.
Nem sempre o que foi dito é o que se ouve.

Quando um sentimento não cabe nas palavras
ele ocupa as entrelinhas.
E acaba escapando pelos olhos.

Um efeito pororoca acontece quando o falar e o sentir
se encontram num mesmo momento,
numa mesma boca.

Nenhuma palavra pode conter
tanto significado quanto o silêncio.

Doem-me muito mais as palavras que não escutei
e que cismam em ficar repetindo dentro de mim.

Hoje, em alguns programas de computador,
as palavras são lidas como imagem.
Será vingança contra os que dizem
“uma imagem vale mais do que mil palavras”?

A boca pode traduzir em palavras
o que sente o coração,
mas jamais conseguirá interpretar
tão bem quanto os olhos.

Todas as palavras não ditas cabem num único olhar.

As palavras que não conseguimos dizer,
param na boca do estômago,
pesam sobre a cabeça, saltam aos olhos ,
endurecem o coração, amargam a vida e sufocam a alma.

Entre uma boca e um ouvido conta mais a intenção
que propriamente a palavra.

A boca leva a mensagem aos ouvidos.
Os olhos, ao coração.

Seus olhos me contam muito mais
do que pode me dizer sua boca.

Uma cara, dois sorrisos:
o pensado está boca,
o sentido está nos olhos.

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