sábado, 31 de outubro de 2009

Sem pés nem cabeça.

Desconfio dos meus pés.
Sem senso de direção, nunca sabem pra onde ir.
Fingem seguir minha cabeça e
acabam indo pra onde quer meu coração

Desconfio também das minhas mãos.
Querendo alcançar o impossível
disfarçam fracassos repetidos em trêmula traição.

Também não posso confiar em meus olhos.
Buscam sempre o infinito
E nada enxergam além do que vêem.

Quanto à minha boca, lhe cairia bem o silêncio.
Tantos enganos tentando colocar em palavras
sentimentos que não tocam ninguém.

Desconfio da minha cabeça
sempre com uma razão
pra desbancar minha emoção.
Guarda tudo que devia esquecer.
Esquece tudo que devia lembrar.

Por outro lado, como posso confiar no meu coração
que se enrosca em fantasias, feito cipó,
Iludindo minha cabeça?

Como orquestrar instrumentos tão desafinados?
Será confiável minha alma
Para arbitrar esse eterno duelo?
Pobre coitada, tão etérea se perdeu na matéria.
Não se lembra de onde, nem a que veio.
Como saber pra onde ir?

E assim sigo vagando,
Ora espada, ora dragão.
Entre razão e emoção,
Meu querer não tem poder.

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